No cruzamento
Oito da manhã, trânsito, como sempre, atrapalhando a vida de todos logo cedo.
Ônibus e carros arrastando-se a dez por hora. De repente, tudo para, nem as bicicletas sabem como prosseguir. Lá na frente, a explicação: um motoqueiro estatelado no asfalto, a moto estrangulada entre um carro e um poste.
Curiosos de todas as idades aparecem de todos os lados. Pedestres cavam espaço de onde vislumbrar a tragédia.
Chegam os camelôs vendendo água aos motoristas de olhar parado, como seus carros. O malabarista joga bolas para o alto, querendo ganhar a vida.
Chega o socorro, a vítima é levada ao hospital. O caos vai se desfazendo, como bolhas de sabão ao vento. Carros voltam a se arrastar, os assistentes vão se espalhando, lentamente, em busca dos afazeres do dia.
Dali a pouco ninguém mais se lembrará do motoqueiro. Alguém ao menos perguntará: Terá sobrevivido? Terão avisado a família? Quem se importa?